quarta-feira, 5 de maio de 2010

Memórias fute-políticas

Política e futebol são assuntos que andam de mãos dadas. Principalmente para mim, que comecei a ter noção de ambos no mesmo ano. 1994, o Brasil ganhava a Copa do Mundo, a primeira que eu tinha noção do que era uma Copa do Mundo, e FHC era o primeiro presidente que eu via ser eleito. Tá certo, eu tinha visto a eleição de Collor, mas tinha só 2 anos.



A primeira eleição de que me lembro foi em 1992, pra prefeito de São Paulo, eu torcia para o Fábio Feldman, candidato do PSDB, ganhar por causa do jingle: “Fábio Feldman, o prefeito que você sonhou”. Não me culpem! Eu tinha 5 anos de idade. Também lembro de brigar com um amiguinho porque a mãe dele votaria no Maluf.



Na época eu era Santista, mas via o São Paulo ser campeão mundial, apesar de não gostar muito de futebol. Meu pai e meu tio eram santistas também e havia um outro tio corintiano. Lembro dele assistindo à um jogo do Timão em casa, torcendo pelo seu time, e eu enfurecido. Acho que aí me transformei anti-corinthiano.



Em 1993 comecei a gostar mais de futebol. Aquele meu amiguinho, da mãe malufista, era São Paulino roxo. Lembro dele segurando um pôster do SPFC bicampeão da Libertadores. Eu comecei a assistir aos jogos e a delirar com as defesas do Zetti. E depois do bicampeonato mundial, aos 6 anos de idade, liguei para todos meus amiguinhos e parentes para falar: “Virei São-Paulino!”. Quem ficou mais frustrado foi meu tio, queria que o sobrinho gostasse de futebol, mas queria que ele fosse santista. Mas logo se acostumou com a ideia e me deu uma flâmula do tricolor.



1994, ano de Copa e de eleições. Durante a Copa colecionava todas matérias de jornais e revistas. Tinha um álbum da Folha com o Zé Carioca vestindo os uniformes das seleções participantes. Assisti à maioria dos jogos. Os do Brasil eram sempre pelo SBT, por causa do amarelinho, é claro! “Lê! Lê Lê ô! Lê Lê ô! Lê Lê ô! Lê Lê ô! Braaaasil!”



Nas eleições eu era fã número um do “Francisco Rossi pra governador”, fazia campanha em casa para ele. Gostava do FHC, queria “Serra, Serra, Senador” e Erundina no Senado também. Acho que eu também gostava do Tuma. Acalmem-se, meus “votos” nunca refletiram os votos dos meus pais (E com exceção da Erundina, não refletem meus votos atualmente porque comecei a pensar), eu sempre fui do contra e eu tinha 7 anos.



No dia das eleições a Folha publicou uma réplica da cédula eleitoral. Eu recortei e fiz meu voto. Fui com meu pai até a sala de votação, mas minha decepção foi imensa na hora que ele falou pra eu esperar do lado de fora. Tinha certeza que criança deveria votar. Fiquei super feliz com a ida do Francisco Rossi para o 2º turno e quase chorei com o último programa eleitoral dele.



Em 1996, já em Amparo, eu fazia pesquisa eleitoral na escola. “Em quem sua mãe vai votar?” Manipulava o resultado contra o candidato que eu não gostava. Colecionava santinhos e recortava as notícias de política do jornal “A Tribuna”. Criei minha cidade , “Meu Quarto City”, e fui eleito prefeito em 1º turno. Confesso que até hoje ainda penso na vida política de “Meu Quarto City”, apesar de não me candidatar mais. Meus pais ainda votavam em São Paulo, não haviam transferido o título, e eu queria muito conhecer a urna eletrônica, apertar o botãozinho “confirma”.



Em 98 meus “votos” foram iguais aos de 94. Mas veio minha 1ª decepção política: Francisco Rossi apoiou Maluf no 2º turno. Virei fã número um do Covas depois do debate no qual ele falou que o Maluf comprava a tinta de cabelo na Farmácia do Povo. Enquanto isso, o Brasil perdia a Copa do Mundo. E eu ia virando adolescente. Nas eleições municipais de 2000 eu votaria em todos candidatos do PT: em Amparo, em Campinas e em São Paulo. Os três foram eleitos. Enquanto isso, o São Paulo perdia a final da Copa do Brasil para o Cruzeiro com um gol no último minuto, perdendo a chance de voltar para a Libertadores, e eu caia no choro.



Em 2002 a rebeldia adolescente me levou a virar “militante virtual” do PSTU. “Fora ALCA!”, “Fora FMI”, “Contra burguês vote 16”, “Zé Maria presidente” tomavam conta do meu about do ICQ. No 2º turno fui conquistado por Lula. Ridicularizei Regina Duarte e me contive pra não sair às ruas comemorar a vitória do ex-operário que chegava ao poder. E o Brasil voltava a ser campeão do Mundo.



Chegou 2004. Finalmente iria votar! Tirei o título de eleitor, e aos 17 anos de idade votei pra prefeito e vereador. Enquanto isso, o São Paulo voltava a disputar a Libertadores, depois de 10 anos. Foi cair nas semi-finais, jogo medíocre contra o Once Caldas. Quase chorei novamente por causa de futebol.



No ano de 2006, já na faculdade, votei pela 1ª vez para presidente. Adivinhem, Alckimin ou Lula? Votei em Plínio de Arruda para governador. Suplicy Senador. Ivan Valente Federal e 50 Estadual.



Bom, agora vocês conhecem um pouco de mim, sabem para quem eu torço, para quem eu já votei e para quem eu votaria. Se o jornalismo imparcial é quase impossível, porque o jornalista é um ser humano e como todo ser humano tem suas opiniões e suas impressões sobre o mundo, pelo menos tem que haver sinceridade.

Um comentário:

  1. Meu caro Marcos, sinceramente, você está muito mais apto ao cronismo prosaico do que para as narrativas dramáticas... Sempre é tempo de conhecermos um pouco mais de nós mesmos por meio de nossos textos. Meus parabéns, texto extremamente interessante.

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