terça-feira, 20 de abril de 2010

A Globo e o Serra

Não há ano mais oportuno para criar blog sobre política e futebol do que um ano com Copa do Mundo e Eleições. Tenho grande paixão por tais assuntos, mas em breve posto um texto apresentando o blog e me apresentando.

Quero estreiar este blog falando sobre um fato que aconteceu e agitou a internet no começo da semana.


O ocorrido:


No dia 19 de abril, segunda-feira, Dia do Índio, a Rede Globo de televisão resolveu tirar do ar a vinheta de comemoração dos 45 anos da emissora, que começara a ir ao ar no dia anterior. Em tal propaganda artistas e jornalistas da casa falavam que "A gente quer mais" e aofinal, a logomarca da Globo ficava ao lado do número 45. Nada mais normal, afinal, a emissora comemorava 45 anos.

Enquanto isso, Marcelo Branco, coordenador de internet da campanha de Dilma Roussef, começava a alertar via Twitter uma semelhança entre o slogan Global e o slogan do tucano José Serra "O Brasil pode mais". Militantes petistas e simpatizantes da candidata do PT aderiram ao movimento e começaram a acusar a Globo de usar mensagem subliminar na propaganda.

Clique aqui para ver a vinheta de 45 anos da Rede Globo



Teoria da Conspiração e o Histórico Global


Pode ter sido exagero Petista, afinal, se a Globo faz 45 anos tem todo o direito de usar o número 45 ao final da vinheta de aniversário, até seria estranho se não usasse. O slogan "A gente quer mais" é até um lugar comum, frase recorrente em músicas e poemas. Mas, sabendo do histórico da Rede Globo, não é uma "viagem absurda" pensar em manipulação e mensagem subliminar.

É de conhecimento de todos que:





Assista também o documentário da BBC "Muito além do Cidadão Kane" Parte 1 -2 -3 - 4


A semelhança entre os slogans e a possibilidade de mensagem subliminar:


É inegável a semelhança entre o slogan Global "A gente quer mais" e o de Serra: "O Brasil quer mais".

A vinheta da Globo indo ao ar de abril a agosto (começo da campanha), falando diariamente para o telespectador (também eleitorado), que o "a gente (também o Brasil) quer mais" ia deixar o eleitor familiarizado com o slogan de Serra "O Brasil pode mais".

Além disso, se "A gente quer mais", nada mais natural que a gente vote naquele que nos oferece "poder mais".

Serra começaria a campanha eleitoral com 4 meses de antecedência.


A logomarca de aniversário:


Eu admito que não tinha visto a vinheta antes da repercussão e admito também que se tivesse visto não acharia mensagem subliminar no texto da propaganda. Mas, ao final, quando aparecesse a logomarca e o número 45 eu ficaria com o pé atrás.

Procurando no Youtube (sim, uma pesquisa amadora), não encontrei nenhuma vinheta de "Globo 35 anos" com o número 35 ao lado. Naquela ocasião, a Rede Globo preferiu festejar os 500 anos do Brasil.

Já, nos aniversários de 40, 30, 25 anos e 20, a Rede Globo usava os números brincando com a sua logomarca. O número 45 sólido, ao lado da logomarca quebrou uma tradição de pelo menos 25 anos.

Outro detalhe, a Globo sempre utiliza de fontes arredondadas, e para o 45 a fonte era magrinha, assim como a usada pelo PSDB.




Todas imagens foram retiradas do Youtube.


A desculpa da Globo e minha opinião




A Globo tirou do ar a polêmica vinheta e divulgou uma nota na qual dizia não pretender dar pretexto para ser acusada de tedenciosa. Disse também que quando idealizou a campanha ainda não havia candidatos, muito menos slogans e que uma campanha deste tamanho precisa de tempo para ser realizada.

Sim, pode até ser que o slogan "a gente quer mais" tenha vindo antes do slogan "O Brasil pode mais". Mas, quando tomou-se conhecimento do slogan serrista era dever dos diretores da Globo suspender a veiculação da vinheta de aniversário e planejar uma nova campanha.

Agora que o Pedro Bial não precisa fazer textos semanais para o Big Brother, poderia muito bem fazer um poema para a nova vinheta Global.

Pode tudo não ter passado de uma infeliz coincidência, mas está claro o posicionamento da mídia, em geral, na eleição deste ano.

Em uma eleição que está em clima Fla X Flu, todo cuidado é pouco. Cuidado que a Rede Globo não teve. Ou será que é um cuidado excessivo, semelhante ao que teve em 89? Cabe a nós vigiar.